A PELEJA DO DIABO COM O PERITO CRIMINAL - CORDEL
Literatura de Cordel - 04/DEZ - DIA DO PERITO CRIMINAL
Autor: José Alysson D. M. Medeiros.

Meu senhor, minha senhora Guri e até animal Vou lhes contar uma história (Só não façam passar mal) A Peleja do Diabo Com o Perito Criminal
O fato, pois, sucedeu Durante uma lua cheia, Tinha dois corpos no chão; De Totinha e Zé da Meia, Os cabra tavam estirados Chei de formiga e areia
Logo chegou a puliça, E isolou o local - Aqui ninguém entra, visse? Nem Doutor, nem General, Nós vamos ter que acionar O Perito Criminal
E agora, o que fazer Pra resolver o assunto? Não havia testemunhas Só a sangria dos defuntos; Junto de uns cacos de telha Um revólver e um presunto
Logo, logo, chega um cabra (Pense num bicho esquisito?) Com uma maleta na mão, Chei de régua e gabarito, Foi tirando um mói de foto, O danado do perito.
Foi pra lá, foi pra cá, Sobe aqui, baixa acolá, Sai coletando vestígios Pra depois examinar. De repente chega o diabo E começa a atazanar:
- Peritinho, meu amigo, Aqui'stou pra te ajudar.... Vou te dizer o que houve, Antes dos dois se matar, Pois mal chegaram no inferno, Foram logo me contar.
- Cão tinhoso dos infernos, É melhor deixar de treta, Porque a ciência que uso Não tem parte com o capeta, Vou desvendar esse causo Sem se quer fazer careta!
O diabo logo emendou: - Foi Tota que matou Zé! Deu um tiro no finado E, no mei do rodapé, Zé revidou com uma telha E deixou Tota lelé.
O Perito deu risada E respondeu ao tinhoso: - Deixe de ser idiota, Criativo e venenoso Pois ninguém matou ninguém, Se pé-de-cabra asqueroso!
- O coitado Zé da Meia, Pela cachaça que exala, Morreu foi tomando pinga, Num tem nem furo de bala, Foi pedaço de presunto Que entalou durante a fala
Já o infeliz do Totinha Morreu, pois foi ajudar O finado do entalado; Bem na hora e no lugar, Cai-lhe uma telha na testa, Do telhado a despencar.
Coisa Ruim ficou logo mofino E disparou pro perito: - Quem diabo é você? Mas será o bendito?
Pois bastou examinar Que chegou ao veredito!
E o Perito respondeu: - Eu estudei para tal; Meu trabalho é examinar Droga, papel, animal, Obra, defunto ou batida, Caso seja criminal.
Eu trabalho com a ciência, Lógica ou Engenharia, Contabilidade, Física, Química ou Biologia; Não me baseio em boato Nem tampouco em bruxaria!
Vade retro, satanás! Termina a conversa aqui, Eu trabalho pra Justiça, Para a verdade surgir, Não vou deixar um chifrudo No meu trabalho bulir.
*FIM*